FILMINHOS ASSISTIDOS EM 2016 - PARTE 1: 1-25

São uns resumos de opiniões pequenos, feitos exclusivamente para me incentivar a continuar escrevendo e não enferrujar. Só isso, e vai se foder.

1) Vá e Veja (1985): Estava devendo uma revisão desse filme há um ano já, e felizmente continua uma obra-prima - atrevo a dizer: não só é O filme sobre a segunda guerra mundial, como é também o filme definitivo de guerra no geral. Nessa segunda assistida, impressionaram especialmente o uso do som (um dos
grandes diferenciais aqui, e que só colabora para a atmosfera pesada que toma 80% do filme - horror superior à maioria das produções rotuladas como terror) e o final.

2) Valerie and Her Week of Wonders (1970): Meio que um "conto de fadas original" - aquelas histórias meio pesadas pra alertar os pimpolhos das coisas que depois foram amaciando -, recheado de simbolismos curiosos. Bom filme, é do tipo que tende a melhorar com revisões.

3) Gaslight (1944): Impressiona que o filme não tenha uma única cena de agressões físicas contra a mulher - especialmente para a época que foi lançado, onde era MUITO comum -, mas que ainda seja absurdamente violento - não à toa, "gaslighting" se tornou um termo que se refere à violência psicológica. Algumas partes talvez não fossem imprescindíveis, especialmente considerando que o "plot twist" (em aspas mesmo) é óbvio desde o começo do longa, além do maniqueísmo em colocar o único personagem dos EUA como o herói da história. Mas é um bom filme, de todo modo.

4) Senna (2010): Um documentário bastante digno, aponta tanto o lado celebrado do piloto (estrategista, determinado, filantropo) quanto sua parte nem tão elogiável (não aceitava derrotas, trapaceiro, ego enorme). A opção em só deixar imagens de arquivo de Ayrton rolando o filme todo foi um acerto, uma pena que a trilha sonora caia em alguns pieguismos...

5) Morte de um Ciclista (1955): Alguns curtos momentos de destaque na fotografia, também é possível apontar algumas reflexões que o longa suscita como ponto positivo. No entanto, o enredo é desenvolvido de maneira muito parca, e o final (embora "justo") pouco ajuda.

6) O Regresso (2016): Esse tive de assistir duas vezes para elaborar uma resenha ~séria~. Na primeira, achei um bom filme, com fotografia bonita e enredo sem muitas novidades. Na segunda, penei pra ver inteiro: seja brincando de Tarkovsky ou Malick, o longa se arrasta demais em prol de um nature porn repetitivo e takes oníricos que pouco adicionam no produto final. Todavia, a boa atuação de DiCaprio e algumas cenas marcantes ainda deixam o filme na média.

7) The Dreamers (2003): Com exceção de algumas cenas de sexo até que sinceras, o filme inteiro é um festival de estereótipos, frases de efeito caretaças e atuações constrangedoras - o "destaque" é Michael Pitt, um espetáculo de risos à parte com suas expressões superficiais. Se a intenção tivesse sido criar uma grande comédia involuntária, então merece nota máxima, sem dúvidas!

8) Harlan County, USA (1976): Documentário pouco conclusivo, mas a trilha sonora - composta apenas por canções folk populares, cantadas pelos mineradores protagonistas - é estupenda.

9) Scarface (1983): Vi esse filme pela primeira vez no começo de 2014, e apesar de Al Pacino ter sido fundamental para meu apreço por cinema aumentar, não achei grande coisa. Revisitei o longa para um trabalho da faculdade, e gostei menos ainda: incomodou mais ainda a atuação apática de Pacino, além do desenvolvimento fraco do enredo. A ótima cena final permanece clássica, porém.

10) Decasia (2002): Simbolismo, queda, destruição, regeneração, imagens, história, interpretação. Fantástico, nota máxima sem pudor algum.

11) Os Dez Mandamentos (2016): Fui como acompanhante da minha madrinha idosa, devo dizer. Sem muitas novidades: atuações exageradas, alguns efeitos bem feitos (curioso notar que coisas mais simples parecem não ter recebido tanto cuidado, e as partes em slo-mo são risíveis) e vários momentos hilários. No fim, o filme é basicamente a novela suprimida em uma hora e pouco e só serviu pra Universal se manter na mídia mais um pouco.

12) The Peanuts Movie (2015): Animação divertida e madura o suficiente, confesso que conheço quase nada da história do Charlie Brown (não o que tinha o POETA CHORÃO) mas simpatizei. Como passatempo é uma boa pedida.

13) Shura (1971): A primeira metade pode não dar a impressão de algo extraordinário, mas a segunda é simplesmente inacreditável - mais uma prova que reduzir a escola japonesa dos anos 60 à mera cópia da nouvelle vague é covardia. Não cheguei a pesquisar, mas é muito provável que Tarantino tenha bebido desta fonte aqui; mas jamais chegou perto de realizar uma obra desse porte.

14) Cuadecuc, Vampir (1972): Um filme de vampiros sobre... fazer um filme de vampiros, espanhol e com o Christopher Lee de protagonista. Perde a força em alguns momentos, mas nada que tire os méritos do longa - que inclusive é mais interessante que qualquer porcaria considerada clássica com vampiros. A trilha sonora merece menção especial: lá pelo fim, a brincadeira com recortes sonoros soa glitch - e isso em 72!

15) High School (1968): O típico documentário sobre ensino médio, com suas indagações sobre o presente (e essas notas?) e futuro (o que vai fazer da vida?) e os personagens de sempre: o valentão, o professor tirano, a professora pra frentex, o nerd, os pais neuróticos, etc. Chega a ser deprimente reparar que, mesmo com o passar dos anos e o diferente contexto social, muita coisa permanece idêntica.

16) Pastoral: To Die in the Country (1976): Visualmente é muito bonito, o uso das cores é o destaque mais que óbvio. A verve simbolista (bem como a qualidade de imagens) me remeteu à coisas produzidas nessa mesma época pelo cinema hungrio/romeno/naquela região (o próprio #2 da lista é um exemplo), mas confesso que a premissa me pareceu muito melhor que a execução em si.

17) Safe (1995): A premissa do filme permanece atual mesmo duas décadas depois, e vários pontos geram discussões ainda relevantes. Uma pena que o ritmo lento trave bastante o longa...

18) Um Pombo Pousou Num Galho Refletindo Sobre A Existência (2014): Suecos tem um senso de humor estranho - ao menos, disseram que isso aí era uma comédia. Sofrível.

19) Hot Girls Wanted (2015): O documentário toca em problemáticas graves do (sub)mundo da pornografia, mas acaba ficando romantizado com o final feliz e pouco aprofundado no que se inicialmente se propôs. Vasculhando no Google dá pra achar umas matérias escritas dez vezes mais informativas que o filme.

20) Diabolique (1955): Inegável que o desfecho surpreende, deve ser o responsável por 70% da reputação do filme. Ainda tenho lá umas críticas sobre o enredo, mas fiquei tão confuso que acabei nem avaliando a parada pra não ser injusto.

21) April Story (1998): Piegas (a sentença final simplesmente não precisava ser dita), é verdade. Simples, tangível e singelo também - espanta que esse filme não seja um sucesso no Tumblr...

22) Short Cuts (1993): Três horas de filme, personagens casuais e excêntricos - Tim Robbins, que faria "Shawshank Redemption" no ano seguinte, se destaca dando vida a um dos caras mais canalhas que já vi em filmes - e interligados de maneiras muito bem pensadas. Comparações com "Magnólia" só fazem sentido por ambos serem longos, terem núcleos independentes (e interligados /spoiler) e Julianne Moore marcar presença nos dois, pois Short Cuts é muito superior. Uma pena que o personagem do Tom Waits - logo ele, um grande artista - ser meio raso...

23) World of Tomorrow (2015): Don Hertzfeldt, em quinze minutos e com uma animação com bonecos palito, faz o que Christopher Nolan não conseguiu com o superproduzido, maçante e forçado "Interstellar": uma obra realmente complexa, atual e de alto teor filosófico envolvendo o espaço sideral e um futuro não tão cristalino para a humanidade. Sequer consegui avaliar o curta.

24) Azul É A Cor Mais Quente (2013): Desnecessariamente longo - a primeira hora inteira é um grande marasmo, além dos incontáveis takes desnecessários da moça babando -, em especial nas cenas de sexo comprovadamente forçadas além da conta. Talvez funcione na HQ, mas os detalhes em azul parecem mais um cacoete que qualquer outra coisa. Negar que o enredo apresenta sensibilidade é estúpido, mas ainda é pouco demais pra três horas de longa.

25) Tabu (2012): Fotografia com excelentes texturas, primeira parte impecável e com uma sutileza invejável. A segunda parte é bacana, mas confesso que não me animou tanto. Dos grandes filmes da década até agora, mesmo assim.

0 comentários:

Postar um comentário