unt.

dois dedos pontiagudos
se fincaram nos meus olhos
enquanto tentativa organizar
a agenda, as contas a quitar
e os novos caminhos menos violentos

eu, que já começava a perder as sobrancelhas novamente
fiquei baqueado no escuro
tentando controlar os vícios
tentando enganar o estômago
(andando com os pés gelados
na linha que divide
compartilhar cascalhos
e depositar granito
nas costas das pessoas
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todos saímos rasgados
e nenhum de nós sabe rezar o terço)
o sono se torna utópico
o sonho se torna real
músculos mastigando ossos
demônios em forma de cães
feitos de muco
(latidos com sons de alarme e crianças quadrúpedes implorando piedade)
sinto ela se aproximar
colocar o indicador na minha testa
sorrir como se houvesse algo de proveitoso naquilo
“não fale muito
não espere nada”
desaparece
como os ventos que dançam
mas que deixam a barriga fria
o cheiro fica
sufoca
enforca
minhas costas doem
as asas talvez nasçam
mas só vão servir pra defesa pessoal
o gosto de queimado na boca.

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