É um corpo horrível
E as palavras não fazem sentido
Sequer rimam
Olhos que desviam
Pés que não esquentam
Mãos por demais fora de controle
Dedos tortos
Disfarces com risadas
Ou linhas cômicas pré ensaiadas
Porque o fracasso é eminente
Mas a teimosia insiste
Um retrato amaldiçoado
Por uns pares de dentes à mostra
Levados a sério demais
"Você não precisa de ajuda"
Confabulando surtos
Ao som dos caminhões matutinos
O espírito de vira-lata com raiva
Só adormece com pesadelos:
Pele fúnebre entre os dentes
Ideias de sacrifícios humanos
Ferroadas em mulheres quietas
Acabar como o Daniel,
Das camisetas descoladas de 92
Qualquer visão dolorosa
Afasta o nervosismo
E todos ao redor
Nunca tem volta
Sempre a mesma coisa.


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